De todos os meses do ano, dezembro é o que mais nos provoca. Ele desperta nas pessoas
sentimentos tão intensos que muito nos toca. Ele nos envolve em um paradoxo coletivo que faz-nos
sentir vivos. Durante onze meses não se tem tempo para nada, vivemos em uma rotina louca,
desvairada. Dá-se a sensação de que os laços afetivos se distanciam, se afastam. No entanto, com o
advento de dezembro a ternura nos envolve e as angustias minimamente se aplacam.
Não se trata de nenhuma mágica, nem tão pouco de inspiração divina ou de campanha
publicitária. Dezembro nos traz a ideia de renovação, de transformação, de travessia. Faz parte da
natureza do ser humano viver esse processo todo dia.
Voltando ao paradoxo, dezembro nos conduz por uma via onde a vida real e o sonho
coexistem sustentando a mesma luz, a luz da esperança. De um lado se tem as contas para pagar, os
presentes para comprar, as festas de final de ano para participar, as árvores natalinas e presépio
para enfeitar. De outro lado dezembro sustenta, ano após ano, as expectativas que sonhamos.
Vemos imperar o desejo de algo melhor conquistar, novos rumos traçar, novos campos abrir e com a
vida insistir. A relutância em acordar dia a dia faz-nos desejar a abundância que um dia virá. Não há
muito o que dizer, apenas te receber.
Seja bem vindo, Dezembro