Ubá, MG – A Andorinhas (Associação Ubaense de Saúde Mental – Artes e Culturas) promoveu no dia 14 de agosto 2019, uma viagem cultural para seus associados à Galeria Reitoria da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), onde está acontecendo a exposição “Pensamento Subversivo 100 anos de L.H.O.O.Q”, e ainda neste dia a visita à exposição “Entre Enigmas e Percursos” que está no Jardim Botânico da UFJF.
Como os demais passeios culturais promovidos pela Andorinhas, teve como objetivo promover a reinserção social dos pacientes da Saúde Mental, através da visita em lugares que inspire arte e cultura, e que possa trazer novas formas de pensar e refazer a vida. A viagem foi custeada com recursos adquiridos nas oficinas de produção e geração de renda e também de projetos como a venda de agendas que acontece anualmente.
O passeio teve como roteiro: piquenique no campus da UFJF visita ao Jardim Sensorial e à Galeria Reitoria da UFJF, almoço, visita ao Jardim Botânico da UFJF e piquenique. A viagem aconteceu em um clima de muita descontração e amizade pelo grupo sempre sendo reforçado pela equipe técnica a importância do trabalho coletivo.
Para o artista plástico Vermelho, a visitação trouxe momentos emocionantes e de grande significado tantos para os pacientes quanto para equipe que acompanhou o grupo.
De acordo com o mestrando em Artes, Cultura e Linguagens, possibilitar o acesso às galerias e estruturas da UFJF para pessoas que sempre tiveram esse acesso impossibilitado, é muito potente. “Potente em seus sentidos éticos, estéticos e políticos. Éticos, por transmitir à população o conhecimento e pesquisa que ela me permite desenvolver, devolvendo à comunidade seu investimento. Estéticos, porque permite a transmissão de outros processos de criação e manifestação do que nos é próprio como humanos, como seres que criam e expressam sua existência no mundo. E políticos, porque trata os pacientes como agentes de sua própria história, que entram nesses espaços não como público, mas como criadores em pesquisa de outros processos de criação”, destaca o artista.
Ainda segundo Vermelho, cada um ali é convidado a ver as exposições como artistas, como sujeitos tão capazes quanto qualquer outro, de produzir as formas e as linguagens ali presentes. Que trata todos como cidadãos, resgatando sua história e direito ao espaço público. Que devolve o acesso aos dispositivos da sociedade que lhes são negados. Mas não há sociedade na qual estes pacientes devam ser incluídos. Eles são esta sociedade. O que lhes é retirado são direitos e condições básicas de exercer sua cidadania e seu estar no mundo, afirma.
Vermelho finaliza dizendo: “e assim como artista, educador e pesquisador, meu papel ali se cumpre como um guia privilegiado pelas estruturas de arte e cultura mantidas pela Universidade. Um criador dividindo seus processos com outros criadores em formação. É um processo de partilha de experiências na produção de práticas de existência. Assim, o projeto da Associação Ubaense de Saúde Mental se torna rico e experimental, ao olhar para pacientes como sujeitos, como agentes da própria história e cidadãos. Uma saúde vista em seu sentido mais amplo, não só mental, mas subjetiva. Saúde vista em sua integralidade, que não vê os sintomas, que não trata de doenças, mas cuida de sujeitos. Com suas singularidades, com especificidades e potências. Curadores de um processo de curadoria, de conhecimentos e práticas que potencializem as vidas destas pessoas. Desta forma, juntos, buscamos resgatar seu maior direito, a Dignidade Humana”.
Confira algumas imagens do passeio: